Resumo: Drogas, armas, assassinatos e outras coisas. Existe bastante conteúdo sensível por lá
Nós já explicamos
o que é a "deep web"
e o que ela tem de bom, mas chegou a hora de tratar sobre a parte
pesada dessa camada praticamente invisível da rede mundial de
computadores. Antes, é preciso deixar claro que o
Olhar Digital
não está incentivando vocês a procurarem por conteúdo estranho, nossa
intenção com esta série é justamente informá-los sobre o que existe por
aí. A DW não é ilegal e,
como mostrado pela Stephanie Kohn na reportagem anterior, há bastante coisa interessante por lá.
A
Hidden Wiki, citada na primeira reportagem, não é o diretório central
da DW, é apenas o caminho mais conhecido, mas mesmo lá os primeiros
links destacados são sobre tráfico de drogas. Além dela há buscadores
que vão aonde o Google não chega e, por isso, encontram de tudo -
principalmente no que se refere a material pornográfico. Talvez o mais
impressionante seja os sites com conteúdo relacionado a parafilias:
neles se vê pedofilia, necrofilia, zoofilia... Tudo comercializável.
BizarroPassei
um tempo navegando entre páginas com URLs intermináveis que, ao serem
carregadas, revelavam nada mais do que uma imagem estática, ou uma
porção de códigos ininteligíveis, ou, então, nada. Às vezes recarregava o
endereço e a página simplesmente não existia mais. Há muito disso na
deep web, principalmente quando se trata de conteúdo inapropriado - para
proteger tanto quem publica, quanto quem foi parar ali por acaso.
Há,
sim, links que chegam facilmente a conteúdo pouco usual, mas a maioria
do material está bem escondida por esse esquema de camadas. Quando você
se depara com uma página aparentemente sem sentido, provavelmente há
algo a mais para ser mostrado, mas que só pode ser acessado com a chave
certa - que pode ser, por exemplo, uma letra ou um número diferente na
URL. E nem sempre basta passar da primeira camada para chegar ao
conteúdo; há quem diga que existem sites com até oito páginas falsas na
frente.
Por trás disso existem sites com grupos cujo "passatempo"
é matar outras pessoas das formas mais bizarras, outros que exibem
méritos enquanto pedófilos, diversos tipos de extremismo, canibalismo
(com quem come e quem se voluntaria a ser comido). Tráfico humano,
terrorismo, nazismo e muitos outros temas, digamos, sensíveis, estão na
DW. "Nada do que tem lá eu considero relevante para uma pessoa normal",
criticou um programador com quem conversamos.
Comércio alternativoSuperficialmente,
o que parece fazer mais sucesso é o tráfico de drogas, tanto que
existem listas de vendedores recomendados, de acordo com a
confiabilidade de cada um. Mas o comércio de armas corre solto, assim
como o de contas do PayPal e de produtos roubados - existem lojas
específicas para marcas como Apple e Microsoft, por exemplo. Também dá
para contratar assassinos de aluguel que possuem valores para cada tipo
de pessoa (celebridades, políticos etc.), com preços que vão de US$ 20
mil a US$ 150 mil.
Cibercriminosos e espiões oferecem seus
serviços, e tem gente que garante fazer trabalhos acadêmicos sobre
qualquer assunto, sem copiar de lugar algum. Sites promovem turismo
sexual e, por menos de US$ 1 mil, prometem buscar o comprador no
aeroporto. Outro destaque é a venda de documentos falsos, com páginas
que oferecem até cidadania norte-americana. O dinheiro é abolido na DW e
poucos negociantes confiam no PayPal, a bola da vez é mesmo a Bitcoin,
uma moeda digital que torna as transações mais seguras.
Autoridades
do mundo inteiro estão na deep web observando os passos de quem está lá
dentro, talvez até com agentes se passando por usuários para obter
informações e tentar antecipar ações ou desmascarar criminosos. É muito
mais difícil encontrar os diretórios e identificar os internautas por
lá, em função dos nós de acesso criados pelo Tor e dos serviços de
hospedagem e armazenamento invisíveis da rede Onion. Mas nada é
impossível, tanto que o Anonymous já expôs dados de milhares de
pedófilos que usavam a DW (
veja aqui).
Por
mais que as coisas ali soem bizarras demais para o internauta comum, o
especialista em segurança Jaime Orts Y Lago lembra que nada do que
consta na rede alternativa está longe de ser encontrado nas ruas, cabe à
pessoa decidir o caminho que lhe interessa. "Você não pode perder a
oportunidade de viver neste mundo por medo", comentou, se referindo ao
que há de positivo na DW. "Tem que se proteger, fazer as coisas com
consciência, mas deixar de fazer por medo é perder uma vida."
engetec.it
sábado, 27 de setembro de 2014